"Sujeitai a Terra"

Deus deu-nos a criação para dela vivermos e cuidarmos, mas qual o sentido dessa vocação nos tempos actuais?

Diogo Bronze

3/14/20245 min read

"Façamos o homem á nossa imagem e semelhança: e presida aos peixes do mar, e ás aves do céu, e aos animais selváticos, e a toda a terra, e a todos os repteis, que se movem sobre a terra."

É certo que sendo católicos temos 3 vocações às quais aspirar: O Sacerdócio, a Vida Religiosa e o Matrimónio. É muito simples, o católico vive nestes três moldes, não por escolha própria, tal como não escolhemos nascer, tal como não escolhemos respirar ou comer, mas porque Deus assim nos criou, infundindo uma natureza à Sua imagem e semelhança e mais tarde dando-nos o Seu amado Filho e a sua Santa Igreja.

É dever de um católico, tendo em conta os seus dons, virtudes e fraquezas escolher a vocação que melhor o fará cumprir o seu propósito: amar e servir a Deus na melhor forma possível.

Não fosse o nosso intelecto decaído, os nossos vícios exacerbados, as nossas paixões inflamadas, este seria o resumo perfeito da vida do Homem, que caído em Adão, se pode levantar em Cristo. No entanto Deus, fiel ao seu desígnio primeiro, nunca tocou na nossa natureza livre: tudo isto podemos escolher, aceitar ou rejeitar. O céu ou inferno são o resumo justíssimo de tudo o quanto fazemos, no pouco tempo que Deus nos deu por sua graça e misericórdia. É acção no tempo e espaço que define a eternidade fora do tempo e espaço.

Se há algo a que podemos chamar de 4ª Dimensão, não será certamente às teorias da relatividade geral de Hermann Minkowski e Einstein, mas simplesmente à realidade espiritual que nos criou e para a qual projectamos a nossa vida futura.

No entanto, há uma vocação, se assim podemos dizer, inerente ao género humano, primária até, que não podemos escolher nem rejeitar, ela nos foi dada como missão: usar, cuidar e elevar a criação.

"Eis que eu vos dei todas as ervas, que dão semente sobre a terra, e todas as arvores, que encerram em si mesmas a semente do seu género, para que vos sirvam de alimento, e a todos os animais da terra, e a todas as aves do céu, e a tudo o que se move sobre a terra, e em que há alma vivente, para que tenham que comer."

Temos então duas formas de entender esta missão dada por Deus ao Homem:

  1. A maneira Católica, usamos a criação para dela extrair a nossa subsistência. O que comemos, o que vestimos, os materiais de que necessitamos para escrever, ler, andar, voar, transportar e transformar. E por último, quando está garantida a subsistência, podemos moldar e desenhar o que nos rodeia pelo gosto estético. A beleza é parte da criação e se é Verdade que nada mais belo existe do que a própria criação, podemos melhorar o que foi criado por Deus, não que sejamos melhores do que Deus, mas porque por detrás da forma e função da coisa criada, há a possibilidade de co-criar e co-desenhar com Deus. Co-criamos primeiro o nosso ser, carácter e personalidade, segundo a nossa família, amigos, terceiro o nosso trabalho, ofício e vilarejo, quarto a nossa nação e cultura. Conforme a natureza que Deus criou, abundante, exuberante, tão violenta como surpreendente, aberta à vida e à criatividade do Homem.
    Tudo isto moderado pela moral, o bom senso, os bons costumes e tendo como fim o bem-comum do Homem, das Famílias, das Aldeias, Vilas, Cidades e Nações, temos a ordem que desejamos em pensamento, mas impossível de cumprir, devido ao pecado, obviamente.

  2. A maneira Luciferiana, invertemos a ordem natural, tornamos a criação num outro deus, num dos fins do homem. Salvar a alma e servir a Deus desaparece perante a urgência de salvar este outro deus. Criamos a ideia de uma super-panteísmo, mais ou menos confuso, em que a criação deixa de ter este nome que a define como a totalidade das criaturas, dos astros e dos elementos criados e passamos a nomear este outro deus por terra, mãe-terra, gaia ou pachamama. Não há mais uma realidade objectiva, factual. Nesta realidade luciferiana Deus não criou a terra e no-la entregou para boa administração, ao contrário o homem é o produto arbitrário de uma evolução cósmica, a forma final de um vírus que tudo devora e que irá destruir este mesmo deus com os seus pecados: não reciclar, não pagar mais impostos, não abortar, não tomar contracepção, não ajudar o canil local, não plantar uma árvore, não ter um carro eléctrico.

Quanto a mim, a escolha tem sido clara. Escolho o ponto 1, fácil. Mesmo que o primeiro ou os dois pontos fossem mentira, mesmo que Deus não tivesse criado o mundo e não no-lo tivesse entregue para cumprimento da nossa natureza co-criativa, continuaria a escolher o ponto 1, e a razão é simples, o ponto 1 cria e dá vida, enquanto o ponto 2 é niilismo puro. O ponto 2 não subsiste numa análise meramente material e empírica, quanto mais numa perspectiva transcendente e eterna.

Peço-vos que ouçam este episódio abaixo, para ter uma ideia da minha abordagem a este tema, em conjunto com o Ilo Stabet.

Em termos prácticos no que isto se traduz para a maioria de nós?

Menor dependência
A abrir caminho pelo monte
Ensinar o valor do Trabalho
Contemplar a Vida que Nasce e Morre
Brincar
Rezar

Diogo Bronze